FIM DA SEGUNDA PARTE.

FIM DA SEGUNDA PARTE.

NOTASDO TOMO PRIMEIRO.PAG. 3.—Guarany.O titulo que damos a este romance significa oindigena brazileiro. Na occasião da descoberta, o Brazil era povoado por nações pertencentes a uma grande raça, que conquistára o paiz havia muito tempo, e expulsára os dominadores. Os chronistas ordinariamente designavão esta raça pelo nomeTupimas esta denominação não era usada senão por algumas nações. Entendemos que a melhor designação que se lhe podia dar era a da lingua geral que fallavão e naturalmente lembrava o nome primitivo da grande nação.PAG. 3.—O Paquequer.Para se conhecer a exactidão dessa descripção do rio Paquequer naquella epoca, lêa-seB.da Silva Lisboa,Annaes do Rio de Janeiro, 1° tomo, pag. 162. Hoje as grandes plantações de café transformárão inteiramente aquelles lugares outr'ora virgens e desertos.PAG. 4.—Brazão d'armas.Este brazão da casa dos Marizes é historico; nos mesmosAnnaes do Rio de Janeiro, tomo 1°, pag. 329, acha-se a sua descripção que copiei litteralmente.PAG. 11.—D.Antonio de Mariz.Este personagem é historico, assim como os factos que se referem ao seu passado, antes da epoca em que começa o romance.NosAnnaes do Rio de Janeiro, tomo 1°, pag. 328, lêa-se uma breve noticia sobre sua vida.PAG. 13.—D.Pedro da Cunha.Deste projecto de transportar ao Brazil a coroa portugueza, falla Warnhagen na sua historia do Brazil.PAG. 16.—Aventureiros.O costume que tinhão os capitães daquelle tempo de manterem uma banda de aventureiros ás suas ordens, é referido por todos os chronistas. Esse costume tinha o quer que seja dos usos da media idade, e a necessidade o fez reviver em nosso paiz onde faltavão tropas regulares para as conquistas e explorações.PAG. 14.—D.Lauriana.SegundoB.daS.Lisboa a mulher deD.Antonio de Mariz chamava-se Lauriana Simoa, e era natural deS.Paulo.PAG. 19.—D.Diogo de Mariz.Este personagem tambem é historico. Em 1607 era provedor da alfandega do Rio de Janeiro, cargo que tinha servido seu pai alguns annos antes.S.Lisboa.—Annaes.PAG. 20.—Pistoletes.Ou arcabuzes pequenos. Pelaord.n°5,tit.80,s.13ª, era defesa trazê-los armados ou tê-los em casa.PAG. 32.—Um indio.O typo que descrevemos é inteiramente copiado das observações que se encontrão em todos os chronistas. Em um ponto porém varião os escriptores; uns dão aos nossos selvagens uma estatura abaixo da regular; outros uma estatura alta. Neste ponto preferi guiar-me por Gabriel Soares que escreveu em 1580, e que nesse tempo devia conhecer a raça indigena em todo o seu vigor, e não degenerada como se tornou depois.PAG. 38.—Forcado.Esta maneira de caçar uma onça, que a muitos parecerá extraordinaria, é referida por Ayres do Casal. Ainda hoje no interior ha sertanejos que cação deste modo, e sem o menor risco ou difficuldade, tão habituados já estão.PAG. 40.—Ticum.O ticum é uma palmeira de cujos filamentos os indios usavão como os Europeus do linho. Della se servião para suas redes de pesca, para cordas de arco e outros misteres; o fio preparado por elles com a resina de almocega era fortissimo.PAG. 42.—Biribá.Era a arvore com que os indigenas tiravâo fogo por meio do attrito, roçando fortemente um fragmento de encontro ao outro.B.daS.Lisboa.—Annaes.PAG. 43.—Gardenia.Nome scientifico queFr.Velloso na sua Flora Fluminense dá á açucena silvestre; nos nossos campos encontra-se essa flôr da varias côres; a mais commum é a branca e escarlate.PAG. 73.—Pery.Palavra da lingua guarany que significajunco silvestre.PAG. 80.—Oleo.É uma das arvores mais elevadas de nossas florestas; cresce a mais de cem palmos, e o tronco chega a uma extraordinaria grossura.PAG. 94.—Hirara.Especie de gato selvagem, indigena do Brazil.PAG. 100.—Soffrer.É um lindo passaro do Brazil, côr de ouro, com os encontros de um negro brilhante. O seu canto doce imita a palavra soffrer, razão por que os primeiros colonos lhe derão esse nome.PAG. 102.—Cecy.É um verbo da lingua guarany que significamagoar,doer.PAG. 106.—Sapucaia.Arvore de alta grandeza, que dá um fructo do tamanho e da confeição de um côco.PAG. 107.—Pequiá.Arvore de mais de cem palmos de altura, que tem uma pequena flôr de brilhante escarlate; floresce nos mezes de setembro e outubro.PAG. 111.—O cactus.Temos differentes especies de cactus; os mais lindos são o branco, o rosa e o amarello, a que os indigenas chamavãourumbeba. Todos elles abrem á meia noite e fechão ao despontar do sol.PAG. 111.—Graciola.É o nome scientifico queFr.Velloso na suaFlora Fluminensedá á pequena flôr azul de um arbusto indigena.PAG. 111.—Malvalisco.Assim designa Saint-Hilaire uma especie de malva indigena brazileira, cuja flor é escarlate.PAG. 112.—Viuvinha.Pequeno passaro negro que canta ao amanhecer; dizem ser o primeiro que saúda o nascimento do dia.PAG. 113.—Jasmineiro.Ha uma especie de jasmineiro indigena do Brazil; assim o dizem os dous botanicos que citamos acima.PAG. 115.—Colhereira.É uma das aves aquaticas mais lindas do Brazil; suas pennas são de uma bella côr de rosa.PAG. 146.—O cão.Diz oSr.Warnhagen na sua historia do Brazil que o cão era o companheiro constante do nosso indigena, ainda mais do que do Europeu.PAG. 149.—Cabuiba.A cabuiba ou cabureiba,Balsamum Peruvianumde Pison,Cabuibaibade Maregrave eMiroxilem Cabriuvade outros naturalistas, é uma arvore das nossas mattas de mais de cem palmos, e a que vulgarmente se chama arvore do balsamo.Distilla um licor louro de um cheiro agradavel, que dizem milagroso para cura de feridas frescas. (Gabriel Soares;S.Lisboa e Ayres do Casal.)PAG. 154.—Formigueiro.No sertão encontrão-se frequentemente essas excavações subterraneas, feitas por uma formiga, a que os indios chamárãotaciahy.PAG. 161.—Garcia Ferreira.Garcia Ferreira foi provido no officio de tabellião do Rio de Janeiro por Salvador Corrêa de Sá, em 15 de Fevereiro de 1588. (B.da Silva Lisboa.)PAG. 163.—Roberio Dias.Roberio Dias offereceu a Felippe II o segredo de uma grande mina de prata, descoberta por elle nos sertões de Jacobina, provincia da Bahia; pedia em troca o titulo de marquez das Minas, que não lhe foi dado. Essas minas, falsas ou verdadeiras, nunca se descobrirão.Roberio morreu pobre e desgraçado, recusando revelar o segredo das minas. (B.daS.Lisboa.)PAG. 177.—Convento do Carmo.«Logo que os carmelitas se estabelecerão em Santos pela doação de José Adorno, de 1589, se passou ao Rio do Janeiro o padreFr.Pedro, para fundar aqui o convento do Carmo. Supposto não conste com certeza o anno da fundação é indisputavel todavia que fôra entre 1589 e 1590, pois que já estava aquelle feito em 1595. Corria por tradição geralmente ter sido o seu começo em 1590.» (B.daS.Lisboa,tom.VII°,cap.2°,§6.)PAG. 196.—Arvores de ouro.A sapucaia perde a folha no tempo da florescencia, e cobre-se de tanta flor amarella que não se vê nem tronco, nem galhos; o mesmo succede á embaiba, ao páo d'arco e outras arvores. (G.Soares,Roteiro do Brazil, eB.daS.LisboaAnnaes).Sendo epoca da florescencia dessas arvores em setembro, a phrase figurada do indio traduz-se da seguinte maneira: «Era o mez de setembro.»PAG. 196.—O mais forte.É sabido que entre as nossas tribus, o chefe era sempre aquelle que tinha maior reputação de valor e fortaleza. O principio de hereditariedade, se algumas vezes regulava a successão do mando, era ephemero.PAG. 197.—Taba dos brancos.Allude-se á colonia da Victoria, hoje capital da provincia do Espirito Santo, que foi duas vezes arrasada pelos Goytacazes Tupininquins. É um desses combates que o indio conta de passagem.PAG. 198.—Senhora dos brancos.Pela descripção seguinte conhece-se que o selvagem viu na igreja, na occasião do incendio que devorou a villa da Victoria, uma imagem de Nossa Senhora, que o impressionou vivamente.PAG.—A estrella grande.O que dizem alguns chronistas, a respeito da ignorancia absoluta dos indigenas sobre a astronomia, me parece inexacto. Os Guaranys tinhão os conhecimentos rudes, filhos da observação. Chamavão a estrellajacy-tato, fogo da lua; suppunhão pois que a lua é que transmittia a luz ás estrellas. Conhecião as quatro phases da lua: a lua nova,jacy-peçaçu; o quarto crescente,jacy-jemorotuçu; a lua cheia,jacy-caboaçu; e o quarto minguante,jacy-jearoca. Dividião o anno em duas estações: a estação do sol,coaracyara, e a estação da chuva,ama'na-ara; são as mesmas que hoje conhecemos, e as unicas que realmente existem no Brazil. Muitas outras observações podiamos fazer, que omittimos para evitar prolixidade.PAG. 199.—Grande rio.Esta palavra é relativa: todas as nações chamavão assim o maior rio que havia no territorio que ellas conhecião, e é por isso que se encontrão tantosrios grandesnos nomes dos rios do nosso paiz. Para os Goytacazes o Rio-Grande era o Parabyba.PAG. 218.—A nação goytacaz.Esses factos lêem-se em qualquer dos escriptores que se têm occupado dos primeiros tempos coloniaes do Brazil, e especialmente emG.Soares, que foi contemporâneo delles.PAG. 260—Cipós.Diz Gabriel Soares: «Deu a natureza ao Brazil, por entre os arvoredos, umas cordas muito rijas, muitas que nascem aos pés dos arvores e atrepão por ellas acima, a que chamão cipós, com que os indios atão a madeira de suas casas e os brancos que não podem mais. Nestes mesmos mattos se crião outras cordas mais delgadas e primas a que os indios chamavão «timbós,» que são mais rijas que os cipós acima.»A quantidade infinita de cipós é uma das originalidades das florestas do Brazil, e admirou os naturalistas estrangeiros que o visitárão.PAG. 222.—Candêa.Diz o mesmo autor: «Ha uma arvore meã que se chama «ibiriba» a qual os Indios fazem em fios para fachos, com que vão mariscar e para andarem de noite; e ainda que seja verde, cortada daquella hora, pega o fogo nella como em alcatrão, e não apaga o vento os fachos della; e em casa servem-se os indios de achas dessa madeira, como de candêas.PAG. 269.—Cauan.É uma ave que devora as cobras, pelo que ellas fogem della, Os indios, segundo affirma Ayres do Casal, imitavão o seu canto, quando andavão á noite pelo matto, e assim preservavão-se de serem mordidos.PAG. 338.—Setta por elevação.A destreza e a habilidade com que os Indios atiravão a setta era tal, que os Europeus a admiravão. Para atirarem por elevação, deitavão-se, seguravão o arco com os dous dedos dos pés e lançavão ao ar a setta que, subindo, descrevia uma parabola e ia cahir no alvo. Ainda ha pouco tempo no Pará se vião, nas aldêas de indios já cathequisados, pareos deste jogo, em que o alvo era um tronco de bananeira decepado. O tenente Pimentel, filho do presidente de Matto-Grosso, foi assassinado pelos indios deste modo, cavalgando no meio de muitos cavalleiros. Nenhum foi ferido: e todas as settas abatêrão-se sobre o moço de quem os selvagens se querião vingar.FIM DAS NOTAS DO TOMO PRIMEIRO.

PAG. 3.—Guarany.

O titulo que damos a este romance significa oindigena brazileiro. Na occasião da descoberta, o Brazil era povoado por nações pertencentes a uma grande raça, que conquistára o paiz havia muito tempo, e expulsára os dominadores. Os chronistas ordinariamente designavão esta raça pelo nomeTupimas esta denominação não era usada senão por algumas nações. Entendemos que a melhor designação que se lhe podia dar era a da lingua geral que fallavão e naturalmente lembrava o nome primitivo da grande nação.

PAG. 3.—O Paquequer.

Para se conhecer a exactidão dessa descripção do rio Paquequer naquella epoca, lêa-seB.da Silva Lisboa,Annaes do Rio de Janeiro, 1° tomo, pag. 162. Hoje as grandes plantações de café transformárão inteiramente aquelles lugares outr'ora virgens e desertos.

PAG. 4.—Brazão d'armas.

Este brazão da casa dos Marizes é historico; nos mesmosAnnaes do Rio de Janeiro, tomo 1°, pag. 329, acha-se a sua descripção que copiei litteralmente.

PAG. 11.—D.Antonio de Mariz.

Este personagem é historico, assim como os factos que se referem ao seu passado, antes da epoca em que começa o romance.

NosAnnaes do Rio de Janeiro, tomo 1°, pag. 328, lêa-se uma breve noticia sobre sua vida.

PAG. 13.—D.Pedro da Cunha.

Deste projecto de transportar ao Brazil a coroa portugueza, falla Warnhagen na sua historia do Brazil.

PAG. 16.—Aventureiros.

O costume que tinhão os capitães daquelle tempo de manterem uma banda de aventureiros ás suas ordens, é referido por todos os chronistas. Esse costume tinha o quer que seja dos usos da media idade, e a necessidade o fez reviver em nosso paiz onde faltavão tropas regulares para as conquistas e explorações.

PAG. 14.—D.Lauriana.

SegundoB.daS.Lisboa a mulher deD.Antonio de Mariz chamava-se Lauriana Simoa, e era natural deS.Paulo.

PAG. 19.—D.Diogo de Mariz.

Este personagem tambem é historico. Em 1607 era provedor da alfandega do Rio de Janeiro, cargo que tinha servido seu pai alguns annos antes.S.Lisboa.—Annaes.

PAG. 20.—Pistoletes.

Ou arcabuzes pequenos. Pelaord.n°5,tit.80,s.13ª, era defesa trazê-los armados ou tê-los em casa.

PAG. 32.—Um indio.

O typo que descrevemos é inteiramente copiado das observações que se encontrão em todos os chronistas. Em um ponto porém varião os escriptores; uns dão aos nossos selvagens uma estatura abaixo da regular; outros uma estatura alta. Neste ponto preferi guiar-me por Gabriel Soares que escreveu em 1580, e que nesse tempo devia conhecer a raça indigena em todo o seu vigor, e não degenerada como se tornou depois.

PAG. 38.—Forcado.

Esta maneira de caçar uma onça, que a muitos parecerá extraordinaria, é referida por Ayres do Casal. Ainda hoje no interior ha sertanejos que cação deste modo, e sem o menor risco ou difficuldade, tão habituados já estão.

PAG. 40.—Ticum.

O ticum é uma palmeira de cujos filamentos os indios usavão como os Europeus do linho. Della se servião para suas redes de pesca, para cordas de arco e outros misteres; o fio preparado por elles com a resina de almocega era fortissimo.

PAG. 42.—Biribá.

Era a arvore com que os indigenas tiravâo fogo por meio do attrito, roçando fortemente um fragmento de encontro ao outro.B.daS.Lisboa.—Annaes.

PAG. 43.—Gardenia.

Nome scientifico queFr.Velloso na sua Flora Fluminense dá á açucena silvestre; nos nossos campos encontra-se essa flôr da varias côres; a mais commum é a branca e escarlate.

PAG. 73.—Pery.

Palavra da lingua guarany que significajunco silvestre.

PAG. 80.—Oleo.

É uma das arvores mais elevadas de nossas florestas; cresce a mais de cem palmos, e o tronco chega a uma extraordinaria grossura.

PAG. 94.—Hirara.

Especie de gato selvagem, indigena do Brazil.

PAG. 100.—Soffrer.

É um lindo passaro do Brazil, côr de ouro, com os encontros de um negro brilhante. O seu canto doce imita a palavra soffrer, razão por que os primeiros colonos lhe derão esse nome.

PAG. 102.—Cecy.

É um verbo da lingua guarany que significamagoar,doer.

PAG. 106.—Sapucaia.

Arvore de alta grandeza, que dá um fructo do tamanho e da confeição de um côco.

PAG. 107.—Pequiá.

Arvore de mais de cem palmos de altura, que tem uma pequena flôr de brilhante escarlate; floresce nos mezes de setembro e outubro.

PAG. 111.—O cactus.

Temos differentes especies de cactus; os mais lindos são o branco, o rosa e o amarello, a que os indigenas chamavãourumbeba. Todos elles abrem á meia noite e fechão ao despontar do sol.

PAG. 111.—Graciola.

É o nome scientifico queFr.Velloso na suaFlora Fluminensedá á pequena flôr azul de um arbusto indigena.

PAG. 111.—Malvalisco.

Assim designa Saint-Hilaire uma especie de malva indigena brazileira, cuja flor é escarlate.

PAG. 112.—Viuvinha.

Pequeno passaro negro que canta ao amanhecer; dizem ser o primeiro que saúda o nascimento do dia.

PAG. 113.—Jasmineiro.

Ha uma especie de jasmineiro indigena do Brazil; assim o dizem os dous botanicos que citamos acima.

PAG. 115.—Colhereira.

É uma das aves aquaticas mais lindas do Brazil; suas pennas são de uma bella côr de rosa.

PAG. 146.—O cão.

Diz oSr.Warnhagen na sua historia do Brazil que o cão era o companheiro constante do nosso indigena, ainda mais do que do Europeu.

PAG. 149.—Cabuiba.

A cabuiba ou cabureiba,Balsamum Peruvianumde Pison,Cabuibaibade Maregrave eMiroxilem Cabriuvade outros naturalistas, é uma arvore das nossas mattas de mais de cem palmos, e a que vulgarmente se chama arvore do balsamo.

Distilla um licor louro de um cheiro agradavel, que dizem milagroso para cura de feridas frescas. (Gabriel Soares;S.Lisboa e Ayres do Casal.)

PAG. 154.—Formigueiro.

No sertão encontrão-se frequentemente essas excavações subterraneas, feitas por uma formiga, a que os indios chamárãotaciahy.

PAG. 161.—Garcia Ferreira.

Garcia Ferreira foi provido no officio de tabellião do Rio de Janeiro por Salvador Corrêa de Sá, em 15 de Fevereiro de 1588. (B.da Silva Lisboa.)

PAG. 163.—Roberio Dias.

Roberio Dias offereceu a Felippe II o segredo de uma grande mina de prata, descoberta por elle nos sertões de Jacobina, provincia da Bahia; pedia em troca o titulo de marquez das Minas, que não lhe foi dado. Essas minas, falsas ou verdadeiras, nunca se descobrirão.

Roberio morreu pobre e desgraçado, recusando revelar o segredo das minas. (B.daS.Lisboa.)

PAG. 177.—Convento do Carmo.

«Logo que os carmelitas se estabelecerão em Santos pela doação de José Adorno, de 1589, se passou ao Rio do Janeiro o padreFr.Pedro, para fundar aqui o convento do Carmo. Supposto não conste com certeza o anno da fundação é indisputavel todavia que fôra entre 1589 e 1590, pois que já estava aquelle feito em 1595. Corria por tradição geralmente ter sido o seu começo em 1590.» (B.daS.Lisboa,tom.VII°,cap.2°,§6.)

PAG. 196.—Arvores de ouro.

A sapucaia perde a folha no tempo da florescencia, e cobre-se de tanta flor amarella que não se vê nem tronco, nem galhos; o mesmo succede á embaiba, ao páo d'arco e outras arvores. (G.Soares,Roteiro do Brazil, eB.daS.LisboaAnnaes).

Sendo epoca da florescencia dessas arvores em setembro, a phrase figurada do indio traduz-se da seguinte maneira: «Era o mez de setembro.»

PAG. 196.—O mais forte.

É sabido que entre as nossas tribus, o chefe era sempre aquelle que tinha maior reputação de valor e fortaleza. O principio de hereditariedade, se algumas vezes regulava a successão do mando, era ephemero.

PAG. 197.—Taba dos brancos.

Allude-se á colonia da Victoria, hoje capital da provincia do Espirito Santo, que foi duas vezes arrasada pelos Goytacazes Tupininquins. É um desses combates que o indio conta de passagem.

PAG. 198.—Senhora dos brancos.

Pela descripção seguinte conhece-se que o selvagem viu na igreja, na occasião do incendio que devorou a villa da Victoria, uma imagem de Nossa Senhora, que o impressionou vivamente.

PAG.—A estrella grande.

O que dizem alguns chronistas, a respeito da ignorancia absoluta dos indigenas sobre a astronomia, me parece inexacto. Os Guaranys tinhão os conhecimentos rudes, filhos da observação. Chamavão a estrellajacy-tato, fogo da lua; suppunhão pois que a lua é que transmittia a luz ás estrellas. Conhecião as quatro phases da lua: a lua nova,jacy-peçaçu; o quarto crescente,jacy-jemorotuçu; a lua cheia,jacy-caboaçu; e o quarto minguante,jacy-jearoca. Dividião o anno em duas estações: a estação do sol,coaracyara, e a estação da chuva,ama'na-ara; são as mesmas que hoje conhecemos, e as unicas que realmente existem no Brazil. Muitas outras observações podiamos fazer, que omittimos para evitar prolixidade.

PAG. 199.—Grande rio.

Esta palavra é relativa: todas as nações chamavão assim o maior rio que havia no territorio que ellas conhecião, e é por isso que se encontrão tantosrios grandesnos nomes dos rios do nosso paiz. Para os Goytacazes o Rio-Grande era o Parabyba.

PAG. 218.—A nação goytacaz.

Esses factos lêem-se em qualquer dos escriptores que se têm occupado dos primeiros tempos coloniaes do Brazil, e especialmente emG.Soares, que foi contemporâneo delles.

PAG. 260—Cipós.

Diz Gabriel Soares: «Deu a natureza ao Brazil, por entre os arvoredos, umas cordas muito rijas, muitas que nascem aos pés dos arvores e atrepão por ellas acima, a que chamão cipós, com que os indios atão a madeira de suas casas e os brancos que não podem mais. Nestes mesmos mattos se crião outras cordas mais delgadas e primas a que os indios chamavão «timbós,» que são mais rijas que os cipós acima.»

A quantidade infinita de cipós é uma das originalidades das florestas do Brazil, e admirou os naturalistas estrangeiros que o visitárão.

PAG. 222.—Candêa.

Diz o mesmo autor: «Ha uma arvore meã que se chama «ibiriba» a qual os Indios fazem em fios para fachos, com que vão mariscar e para andarem de noite; e ainda que seja verde, cortada daquella hora, pega o fogo nella como em alcatrão, e não apaga o vento os fachos della; e em casa servem-se os indios de achas dessa madeira, como de candêas.

PAG. 269.—Cauan.

É uma ave que devora as cobras, pelo que ellas fogem della, Os indios, segundo affirma Ayres do Casal, imitavão o seu canto, quando andavão á noite pelo matto, e assim preservavão-se de serem mordidos.

PAG. 338.—Setta por elevação.

A destreza e a habilidade com que os Indios atiravão a setta era tal, que os Europeus a admiravão. Para atirarem por elevação, deitavão-se, seguravão o arco com os dous dedos dos pés e lançavão ao ar a setta que, subindo, descrevia uma parabola e ia cahir no alvo. Ainda ha pouco tempo no Pará se vião, nas aldêas de indios já cathequisados, pareos deste jogo, em que o alvo era um tronco de bananeira decepado. O tenente Pimentel, filho do presidente de Matto-Grosso, foi assassinado pelos indios deste modo, cavalgando no meio de muitos cavalleiros. Nenhum foi ferido: e todas as settas abatêrão-se sobre o moço de quem os selvagens se querião vingar.


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