II
A poesia lyrica do Brazil encerra um grande facto ethnologico; d'elle derivaremos a sua comprehensão e o porque da sua originalidade. Esse lyrismo é superior em vehemencia sentimental e em novidade de fórmas ao lyrismo portuguez; e comtudo dá-se n'essas fórmas tão caracteristicas um phenomeno de regressão, pelo qual tomam vigor typos estrophicos conservados pelos antigos colonos portuguezes, mas totalmente esquecidos na mãe patria, que só agora por um processo de erudição se vão encontrar nos seus velhos Cancioneiros palacianos. O ardor, a passividade, a morbidez que toma a linguagem das emoções, o desalento ou a acedia da vida, mesmo a facilidade com que tornam natural a imitação de Byrone de Musset, resultam de um temperamento contrahido pelo cruzamento dos primeiros colonos portuguezes com as raças ante-historicas do Brazil[10]. Quando o Brazil começou a ser povoado, e as suas feitorias se convertiam em cidades, ainda em Portugal apparecia casualmente nos versos de Christovam Falcão, Gil Vicente, Sá de Miranda e Camões algum vago fragmento deSerranilhagalleziana, genero lyrico de origem popular, que pela sua belleza chegára a penetrar nos Cancioneiros aristocraticos. Foi este typo lyrico, decahido na metropole pela imitação castelhana do seculo XV, e pela imitação italiana no seculo XVI, que reappareceu nos costumes coloniaes, adquirindo importancia litteraria, a ponto de vir a apoderar-se de novo, sob a fórma brazileira daModinha, do gosto da côrte e da sociedade portugueza do seculo XVIII. Essas estrophes cadenciadas com retornellos de enlouquecer e com tonadilhas de uma melodia sensual, que hallucinavam o proprio Beckford, eram cantadas essencialmente pormulatos[11]. Aqui está o problemaethnico, cuja importancia não escapa aos modernos antropologistas. Diz Quatrefages: «Posto que os cruzamentos modernos não remontem além de tres seculos, tem já produzido resultados que põem fóra de duvida, que, raças, notaveis sob todos os aspectos, pódem provir da mestiçagem. Os Paulistas do Brasil são um exemplo frisante. A provincia de Sam Paulo foi povoadapor portuguezes e açorianos[12]vindos do velho mundo, os quaes se alliaram aos Guayanazes, tribu caçadora e poetica, aos Carijos, raça bellicosa e cultivada. D'estas uniões regularmente contrahidas, resultou uma raça, cujos homens têm-se sempre distinguido pelas suas proporções, força physica, coragem indomavel, resistencia ás mais duras fadigas. Quanto ás mulheres, a sua belleza fez nascer um proverbio brasileiro que attesta a sua superioridade. Se ella se accentuou outr'ora por expedições aventureiras para a exploração do ouro ou da escravatura, foi ella tambem quem primeiro fez a plantação da canna do assucar e a creação de gados.» Apoiando-se sobre as observações de Ferdinand Denis, Quatrefages transcreve estas palavras: «Hoje em dia o mais auspicioso desenvolvimento moral, como o renascimento intellectual notabilissimo, parecem pertencer a Sam Paulo[13].» Na poesia popular brazileira ainda se encontra a coexistencia das duas raças no mixto das canções em lingua portugueza e tupi, tal como na edade media da Europa encontramos a fórma dodescort; eis uma amostra da tradição do Pará, e do Amazonas:
Te mandei um passarinhoPatuá mirá pupé,Pintadinho de amarelloYporanga ne iavé.Vamos dar a despedidaMandú sarará,Como deu o passarinho,Mandú sarará;Bateu aza, foi-se emboraMandú sarará,Deixou a penna no ninhoMandú sarará[14].
Te mandei um passarinhoPatuá mirá pupé,Pintadinho de amarelloYporanga ne iavé.Vamos dar a despedidaMandú sarará,Como deu o passarinho,Mandú sarará;Bateu aza, foi-se emboraMandú sarará,Deixou a penna no ninhoMandú sarará[14].
Te mandei um passarinhoPatuá mirá pupé,Pintadinho de amarelloYporanga ne iavé.
Te mandei um passarinho
Patuá mirá pupé,
Pintadinho de amarello
Yporanga ne iavé.
Vamos dar a despedidaMandú sarará,Como deu o passarinho,Mandú sarará;Bateu aza, foi-se emboraMandú sarará,Deixou a penna no ninhoMandú sarará[14].
Vamos dar a despedida
Mandú sarará,
Como deu o passarinho,
Mandú sarará;
Bateu aza, foi-se embora
Mandú sarará,
Deixou a penna no ninho
Mandú sarará[14].
A tradição das raças ante-historicas conserva ainda fabulas mythicas, como a da origem da noite, a doJabuti, e muitas d'ellas entraram como contos populares na vida domestica de Sam Paulo, Goyaz e Matto-Grosso, taes como a historia deSaci Sereré,BoitatáeCurupira. É este elemento tradicional vigoroso que faz despontar na litteratura brazileira essa esplendida efflorescencia das creações epicas no seculo XVIII, como oUraguay, oCaramurú, e ainda no seculo XIX osTymbiras, eConfederação dos Tamoyos. Mas deixemos de parte esta ordem de creações que depende do sentimento da nacionalidade nas civilisações modernas. O ardor das paixões do mestiço, a sua dissolução servida por uma voluptuosidade artistica, como a poesia ou a musica, tornam estas duas fórmas aphrodisiacos inebriantes e communicativos, que dão em terra prematuramente com os talentos mais auspiciosos, como Alvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves e Varella. A vida domestica resente-se d'este fervor, e os costumes publicos manifestam por outro lado recorrencias de usos peculiares do tupi (os bagachas). O cruzamento primitivo fez redobrar a intensidade sentimental; quem se lembra da velha phrase de Lopo de Vega: «Eu, senhora, tenho olhos de criança e alma de portuguez» só a póde comprehenderagora diante da exaltação do brazileiro. Nós somos hoje menos alguma cousa.
A persistencia do typo tradicional daSerranilhagalleziana na colonia do Brazil liga-se e explica-se pela descoberta de um grande facto desconhecido até hoje na historia da humanidade—a civilisação da raçaturaniana[15]. O problema desdobra-se em duas questões, que se ligam e se explicam. Nas fórmas lyricas da Europa da edade media, apparecem cantos communs á Italia e Sicilia, á França meridional, Aquitania, Galliza e Portugal. Esta unidade do lyrismo novo-latino levou a suppôr uma origem commum para todas as litteraturas meridionaes. Por outro lado a persistencia d'esse typo lyrico no Brazil, explicar-se-ha não só pelo isolamento e espirito archaico colonial, mas pelas grandes analogias com os cantos lyricos dos tupinambás, e sobretudo pela descoberta da ethnologia moderna da origem turaniana das raças ante-historicas da America. Tratemos separadamente de cada uma d'estas questões de litteratura comparada.
Um problema importante tem sido proposto pelos philologos romanicos sobre as analogias intimas entre as fórmas lyricas da poesia moderna das litteraturas nova-latinas, a começar da Provença. Dando conta naRomania, da publicação dosCanti antichi portoghesi, diz M. Paul Meyer: «Je remarque que plusieurs des piéces editées par M. Monaci (n.ᵒˢ IV, IX) sont fort analogues,pour le fond comme par la forme, à nos anciennesballettes(voir celles que j'ai publiés dans mes Rapports, fl. 236—9) ou auxbaladasprovençales. Je n'en conclue pas que les poésies portugaises qui ont cette forme soient imitées du français ou du provençal,mais qu'elles sont conçues d'après un type tradicional qui a du être commun à diverses populations romanessans qu'on puisse determiner chez la quelle il a été crée[16].» N'estas palavras se indica o problema da unidade do lyrismo moderno: nenhum philologo conseguiu ainda explicar a origem d'esta identidade de fórmas. O meio para o resolver está no criterio ethnico e comparativo; em primeiro logar a zona d'onde irradiou o lyrismo que se propagou para a Provença, Italia, Sicilia, Galliza e Portugal, foi na Aquitania; é tambem pelo criterio ethnico que se conhece que n'esta zona existiu uma raçaiberica, absorvida pelos immigrantes indo-europeus, raça cujas tendencias e até fórmas lyricas peculiares se confirmam pelos hymnos acadicos modernamente traduzidos pelos assyriologos. As recentes descobertas da civilisação turaniana, que antecedeu as grandes civilisações historicas, a persistencia das superstições accádicas dos cultos magicos na Europa da edade media, tornam este facto da unidade do lyrismo como uma simples evolução.
O estudo comparativo das litteraturas tem levado a aproximar certas formas tradicionaes muito antes de se conhecer se entre ellas existiria alguma connexão historica; as analogias intimas têm por vezes conduzido a procurar essas relações, que se vão verificando do modo mais surprehendente. No lyrismo popular da Europa, a começar desde a epoca provençal, existem formas espontaneas, taes como asPastorellas, que se repetem em todosos povos meridionaes, sem que estas differentes nacionalidades, tão separadas pelo regimen monarchico, se imitassem mutuamente; este genero de cantos penetrou na litteratura da egreja da edade media, sob a forma deProsas, e nos Cancioneiros aristocraticos sob a forma deSerranilhaseDizeres. A diffusão commum d'este genero de origem popular era attribuida á situação geographica especial da Aquitania, cujas escholas trovadorescas podiam influir simultaneamente em França, na Italia e em Portugal e em Hespanha; o estudo ethnico da Aquitania leva a descobrir que esse territorio foi primitivamente occupado pela raça ainda agora representada pelo Basco actual, isto é, pela raçaturaniana. N'este mesmo typo de cantos lyricos entram as pastoraes sicilianas; e a Serranilha portugueza foi encontrar nas colonias do Brazil analogias com os cantos dos tupis, modernamente filiados no mesmo tronco turaniano. Eis determinada uma origem ethnica commum para explicar as analogias de uma vasta tradição lyrica popular. Pelas modernas leituras dos documentos cuneiformes, têm-se conhecido o eminente genio lyrico da raçaturanianaconservado na inspiração perpetuada nos hymnos accadicos. Sobre este ponto são de grande auctoridade as palavras de F. Lenormant, explicando alguns d'esses hymnos: «Ao mesmo tempo elles nos revelam no povo de Accad um verdadeiro impulso de inspiração poetica, que exerceu uma acção decisiva sobre os começos da poesia semitica e contribuiu para formar-lhe o seu genio. Ha ali um lyrismo que attinge por vezes uma grande elevação, e que desde já deve revindicar o seu logar na historia litteraria do Oriente antigo. Além d'isso, a critica deve tambem attender aos fragmentos deum lyrismo mais familiar, popular e gnomico, que parece ter tido entre o povo de Accad um grandissimo desenvolvimento,e do qual os hierogrammatas do Assurbanipal formaram collecções.São proverbios rythmados, provenientes de antigas canções.Já se publicou a copia de um tijolo que contém um grande numero d'elles, e M. Oppert já notou a importancia d'esta collecção traduzindo alguns dos seus proverbios... De mais, M. George Smith annunciou ter descoberto nas suas excavações recentes na Assyria uma outra collecção egual, que entregou ao Museu Britannico. Ha d'este lado uma mina a explorar, e que promette ser fecunda.
«Alguns proverbios não consistem em mais do que uma simples phrase, extraída evidentemente de um canto mais desenvolvido, e que a felicidade da expressão tornara sem duvida proverbial, como esta sobre o calcadouro da colheita:
—Diante dos bois, que caminham a passos apressados sobre as espigas, ella calcou vivamente.
—Diante dos bois, que caminham a passos apressados sobre as espigas, ella calcou vivamente.
«Muitas vezes cada um d'elles forma um todo completo no seu laconismo, uma pequena canção de alguns versos,—se é que se permitte esta expressão quando ainda é desconhecido o rythmo e o metro—que lembra as velhas canções populares chinezas doChi-King. Em geral o pensamento é de uma lhaneza delicada, ás vezes maliciosa e um pouco melancholica, com uma feição de philosophia pratica. Tal é este pequeno trecho, que exprime a inutilidade dos esforços excessivos:
—Eu fiz ir bem para o alto meus joelhos,a meus pés não deixando repouso,e, sem nunca ter descanço,o meu destino afastou-se sempre...
—Eu fiz ir bem para o alto meus joelhos,a meus pés não deixando repouso,e, sem nunca ter descanço,o meu destino afastou-se sempre...
—Eu fiz ir bem para o alto meus joelhos,a meus pés não deixando repouso,e, sem nunca ter descanço,o meu destino afastou-se sempre...
—Eu fiz ir bem para o alto meus joelhos,
a meus pés não deixando repouso,
e, sem nunca ter descanço,
o meu destino afastou-se sempre...
«Outros, finalmente, entre estes curtos trechos nos conduzem ao meio da vida dos campos e dos seus usos; são numerosos na collecção publicada, e attestam claramente a sua origem popular. Eis aqui por exemplo uma Canção com dois retornellos, que se devia cantar em alguma festa campestre á qual se attribuia uma influencia de bom augurio sobre a safra das messes:
O trigo que se alevanta direitochegará ao cabo do seu bom tamanho:o segredonós conhecemol-o.O trigo da abundanciachegará ao cabo do bom crescimento;o segredonós conhecemol-o[17].»
O trigo que se alevanta direitochegará ao cabo do seu bom tamanho:o segredonós conhecemol-o.O trigo da abundanciachegará ao cabo do bom crescimento;o segredonós conhecemol-o[17].»
O trigo que se alevanta direitochegará ao cabo do seu bom tamanho:o segredonós conhecemol-o.
O trigo que se alevanta direito
chegará ao cabo do seu bom tamanho:
o segredo
nós conhecemol-o.
O trigo da abundanciachegará ao cabo do bom crescimento;o segredonós conhecemol-o[17].»
O trigo da abundancia
chegará ao cabo do bom crescimento;
o segredo
nós conhecemol-o[17].»
É este rigorosamente o typo das Pastorellas provençaes, italianas, gallezianas, portuguezas e hespanholas, dois versos assonantados com um estribilho sempre repetido. Vejamos um paradigma portuguez:
Vayamos, irmana, vayamos dormirnas ribas do lago, hu eu andar via las aves meu amigo.Vayamos, irmana, vayamos folgarnas ribas do lago, hu eu vi andara las aves meu amigo! etc.[18]
Vayamos, irmana, vayamos dormirnas ribas do lago, hu eu andar via las aves meu amigo.Vayamos, irmana, vayamos folgarnas ribas do lago, hu eu vi andara las aves meu amigo! etc.[18]
Vayamos, irmana, vayamos dormirnas ribas do lago, hu eu andar via las aves meu amigo.
Vayamos, irmana, vayamos dormir
nas ribas do lago, hu eu andar vi
a las aves meu amigo.
Vayamos, irmana, vayamos folgarnas ribas do lago, hu eu vi andara las aves meu amigo! etc.[18]
Vayamos, irmana, vayamos folgar
nas ribas do lago, hu eu vi andar
a las aves meu amigo! etc.[18]
O mesmo se repete nos cantos populares liturgicosda edade media, derivados de uma corrente desconhecida da tradição popular. Lenormant achou grandes analogias entre a forma d'essas Pastorellas accadicas e as cantigas chinezas da collecção Chi-King; de facto oturanianoé uma raça mixta da branca e amarella, e a concepção chineza naturalista doThiané a mesma dos espiritos elementares da Chaldêa, o espirito do céoZi-Anna, dos turanianos. Por ultimo o typo dos Proverbios de Salomão é tambem fixado por Lenormant nos velhos hymnos accadicos. Todos estes factos estão em harmonia com as recentes descobertas da historia, que tanto as civilisações semiticas como aryanas se fundaram sobre os progressos já realisados pela mais poderosa das raças ante-historicas, a turaniana.
Sob este criterio novo, as raças da America apparecem como um grande ramo turaniano, cujas linguas são agglutinativas, cujas crenças são um fetichismo atrazado: «São mui dados a feitiços, e o feiticeiro que ha em cada aldeia é o seu oraculo[19].» D'Assier recorda um facto importante: «lembram o typo mongolico, a ponto de um d'elles... criado de Augusto Saint Hilaire, vendo um dia uns chinezes n'uma rua do Rio de Janeiro, correu para elles chamando-lhes tios[20].» Em Cuyabá e no Paraguay existem aterros artificiaes em que se levantam edificações, como costumavam fazer os turanianos de Babylonia e da Assyria; a sua chronologia baseava-se sobre o anno lunar[21]como no primitivo systema chronologico dos turanianos do Egypto; e entravam nas batalhas, ululando, tal como descreve Silio Italico, das tribus ibericas[22]. Finalmente, as analogias das linguas americanascom o sansckrito, explicam-se por um grande fundo de vocabulos turanianos das raças vencidas (sudras, kadraveas) sobre que se constituiu a civilisação aryana. Assim os factos são trazidos ás suas causas naturaes.
No livro recentel'Origine turanienne des Américains Tupis-Caribes, já se procura verificar esta grande these ethnographica, que liga as raças das duas Americas á raça mestiça que prestou os primeiros elementos ás civilisações do Egypto e da Chaldêa. Alguns dos caracteres do tupi coincídem com o genio turaniano, como o gosto da poesia e da musica; no manuscripto doRoteiro do Brazil, da Bibliotheca de Paris, o tamoyo é descripto como grande musico e bailador; e os tupinambás eram os rhapsodos, improvisandoAreytossegundo esse genio epico que na Chaldêa inventou o poema deIsdubar, no Mexico oPopol-Vuh, e na Finlandia oKalevala. Os seus cantos lyricos, entoados ao som da maraca e do tamboril constavam de refrens rimando com o ultimo verso da estrophe, e podendo ser considerados como voltas sobre motes improvisados; esta caracteristica, ajudando a facilidade da improvisação, os dialogos ajudando a monotonia da melopêa, tudo leva a presentir em germen o mesmo typo poetico que na Europa deu aBallada, aPastorellae aSerranilha; d'aqui a espontaneidade da confusão da poesia dos dois povos, e o motivo da persistencia daSerranilhaportugueza naModinhabrazileira e no seu lyrismo moderno.
Os cantos funebres conservam a mesma designação tanto entre os Tupis como no Béarn; lá são osAreytos, e aqui osAurusta. Os cantos funebres são communs a todos os povos meridionaes em que existe elemento turaniano; taes são osLamentiouTriboliem Napoles, osAttitidosna Sardenha, osVoceri, na Corsega, na Bretanha, osAurostno Béarn, e asEndexaseClamoresem Portugal e Hespanha. Gonzalo Fernandes de Oviedo, naGeneral y Natural Historia de Indias, emprega a designação deAreyto, como o romance narrativo hespanhol:[23]«ni los niños é viejos dejarán de cantar semejantesareytos...»
E o auctor do livroOrigine turanienne des Américains, tambem a emprega no sentido epico: «La litterature des Tupis, comme celle des Caribes, ne se trouvait que dans lesAreytos, ou traditions des hauts faits de leurs devanciers, qu'ils chantaient en dansant, au son d'instruments.»[24]Na Europa, como vimos, persistiu a designação noAurust, do Béarn, e, segundo a phrase de Oviedo, parece ter sido empregada em Hespanha, como aAraviao foi em Portugal[25]. As lamentações dos mortos nas Vascongadas chamam-seArirrajo, forma proxima doAreytoe doAurust[26].
Do canto funebre dos bearnezes, osAurusta, fala o collector dasPoésies bearnaises, (p. VII, ed. Pau, 1852): «nos funeraes, quando a familia do defunto, para celebrar sua memoria, não pode senão achar lagrimas, duas mulheres, poetisas de profissão, semelhantes ásVoceratricesda Corsega, improvisam coplas cantadas sobre um tom lamentavel: uma lembra as boas acções do defunto,e a outra as más, imagens d'estes dous genios do bem e do mal que parecem conduzir o homem na vida; este uso que se encontra entre outros povos, mas que em nenhum apresenta um caracter tão eminentemente religioso e moral, tem o nome deAurusta[27].» Em uma edição anterior d'este livro, com o titulo deChansons et Airs populaires du Béarn, colligidas por Frederic Rivares, se define precisamente esse genero: «Os funeraes apresentam uma particularidade notavel. Logo que o doente exhala o ultimo suspiro, o seu corpo é estendido no chão, no meio da casa, e rodeado de uma multidão de mulheres que oram e velam lançando a espaços gritos lamentosos e medonhos gemidos. A mulher do defunto e os parentes mais proximos estão á frente das carpideiras e improvisam cantos em que são celebradas as suas virtudes. Este signal de dôr e affeição acompanham o morto até á ultima morada, e a occasíão em que a terra vae cobrir os caros despojos é indicada por uma explosão de gritos e de lamentações.
«Portanto oAurust(é assim que se chama este canto) contém outras vezes mais do que louvores; é antes um julgamento do que uma oração funebre, e mais do que uma vez os parentes e o clero foram escandalisados por improvisos mais proprios para denegrir o morto e mesmo os vivos do que a excitar as magoas da sua perda[28].»
Um canto lyrico do bearnez NavarrotLous adious de la ballé d'Aspe, refere-se a este costume do seu paiz:
Qué dic, praübeit, l'amne qué s'em desligueDaüme abadesse a biénét m'aurousta[29]!
Qué dic, praübeit, l'amne qué s'em desligueDaüme abadesse a biénét m'aurousta[29]!
Qué dic, praübeit, l'amne qué s'em desligueDaüme abadesse a biénét m'aurousta[29]!
Qué dic, praübeit, l'amne qué s'em desligue
Daüme abadesse a biénét m'aurousta[29]!
Traduzido em portuguez, corresponde litteralmente:
Que digo, pobres, a alma que se me desliga,Dona abadessa vinde-meaurustar(carpir).
Que digo, pobres, a alma que se me desliga,Dona abadessa vinde-meaurustar(carpir).
Que digo, pobres, a alma que se me desliga,Dona abadessa vinde-meaurustar(carpir).
Que digo, pobres, a alma que se me desliga,
Dona abadessa vinde-meaurustar(carpir).
Na epoca de D. João I ainda era costume em Portugalbradar sobre finado, e existia o costume das carpideiras, como entre os turanianos da Caria.
Na moderna nacionalidade brazileira, a lingua tambem se vae alterando, constituindo um verdadeiro dialecto do portuguez; cada um dos elementos da mestiçagem contribue com as suas alterações especiaes[30]. O elemento colonial modifica a accentuação phonetica, de um modo mais exagerado do que nas ilhas dos Açores; o som dos, como ochgallego, torna-se sibilante e mavioso sobretudo nos pluraes; as construcções grammaticaes distinguem osecondicional do reflexivosi, e os pronomes precedem os verbos, como:Me disse, em vez dedisse-me. No vocabulario, o portuguez conserva os seus provincianismos actuaes, e os archaismos do tempo da colonisação. Da parte do elemento ante-historico, uma certa indolencia na pronuncia exerce a grande lei da queda das consoantes mediaes e vogaes mudas; assimsenhorésiô;senhora,sinhá; os finaes das palavras vão se contrahindo, perdendo os seus suffixos caracteristicos, comopióem vez depeor,casá, em vez decasar. Na parte do vocabulario é que se nota mais profundamentea acção do elemento ante-historico, pela profusão innumera de palavras de lingua tupi introduzidas na linguagem familiar de todo o imperio[31]. Algumas d'essas palavras já vão penetrando na lingua portugueza continental pelo regresso dos colonos ricos[32], assim como nas guerras de Flandres os soldados portuguezes trouxeram esses vocabulos que se chamaramfrandunagem. A lucta instinctiva para manter a pureza da lingua portugueza está ligada ao facto politico da preponderancia do sangue portuguez na constituição da nova nacionalidade; assim na provincia onde o portuguez é mais archaico, em Minas Geraes, o elemento portuguez é puro e continúa a ser catholico como no seculo XVI, e conservador timorato. Nas provincias onde prevalece o cruzamento das raças selvagens, existe o espirito revolucionario, como em Sam Paulo, e o odio ao portuguez puro como em Pernambuco. Aqui estão as condições necessarias para um permanente estimulo contra a acção enervante do meio climatologico, um movel de energia scientifica e industrial; a capital do Rio de Janeiro pelo seu inextricavel cosmopolitismo está destinada a realisar o accordo de todos estes elementos para a obra da autonomia nacional, cujo sentimento, transparecendo já na litteratura,revela que o destino d'ella é identificar todas as divergencias n'este mesmo sentimento.
O moderno lyrismo brazileiro representa nas suas fórmas materiaes ou estrophicas a velha tradição dasSerranilhasportuguezas tão bem assimiladas pelo turaniano da America; a ardencia explosiva da paixão amorosa, a lubricidade das imagens, a seducção voluptuosa do pensamento, accusam o sangue do mestiço, devorado pelo seu desejo, como em Alvares de Azevedo ou Casimiro de Abreu. A creação definitiva da litteratura brazileira consiste em tornar estes factos conscientes.
NOTAS DE RODAPÉ:[10]«Como na America do norte o Anglo-saxonio, fundindo-se com o pelle vermelha, produziu o Yank, representante de uma nova civilisação, assim o latino, fundindo-se com o tupi, produziu essa raça energica que constitue a quasi totalidade da população de S. Paulo e Rio Grande, e a maioria do novo imperio.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem, p. XX.[11]Na visita pastoral de 1761, o bispo do Grão Pará, Frei João de S. José Queiroz allude á paixão dasModinhas, que achou confundidas com os cantos religiosos: «ouvimos missa, a qual foi cantada pelas suas indias e mamelucas a quatro vozes bem ajustadas, e no fim varias cantatas devotas e de edificação sobre o que lhe fizemos uma pequena pratica em louvor do canto honesto e ao mesmo tempo invectiva contra olascivo das Sarabandas e Modas do tempo.» Mem., p. 210.No fim do livro dos Lyricos brazilleiros apresentamos uma pequena collecção de cantos populares; os cantos epicos ou romances conservaram o nome deXácaras, não com sentido de dialogo, como asXacarandinashespanholas e portuguezas do seculo XVII, mas por se conservarem nas relações domesticas nas Chacaras ou fazendas do interior.Os cantos lyricos conservam ainda o nome deLunduns, designação que se encontra em Sá de Miranda, e em Nicolau Tolentino:Em bandolim marchetadoOs ligeiros dedos promptos,Louro peralta adamadoFoi depois tocar por pontosO doceLundum chorado. (Obras, p. 250)O titulo d'este canto lyrico ainda se conserva nas Ilhas dos Açores dado especialmente aos bailhos de terreiro, bem como oBatuque, ainda conservado entre os Cururueiros de Cuyabá. AsSarabandas, estão hoje totalmente esquecidas em Portugal, significando esta palavra toda a admoestação aspera. O estudo dos cantos populares brazileiros não poderá ser bem feito sem o processo comparativo com os cantos do Archipelago açoriano. No estudo de Ferreira da Costa, que procede a edição dasPoesiasde Natividade Saldanha, allude este escriptor com favor excessivo aos nossos trabalhos sobre a poesia popular portugueza, e remata incitando ao mesmo trabalho os litteratos brazileiros: «Seria muito para desejar, que nas diversas provincias se recolhessemas cantigas populares aliás tão abundantes entre nós, a fim de se não perderem completamente no futuro. E aquelles que se lançarem a este campo com muitas difficuldades terão de luctar, mas prestarão um relevante serviço ao paiz. Muitos julgarão taes estudos uma verdadeira inutilidade, sem o menor valor; entretanto merecem elles todos os cuidados como elementos para a formação da litteratura popular. Praza a Deus, que muitos se lancem n'essa rica ceara, e tragam ao publico as suas colheitas.» (Ap.Poesiasde J. da Natividade Saldanha, p. LXV, not. 28.)[12]Ainda hoje as festas do Espirito Santo são como nas ilhas dos Açores. A lenda doCurupiratem analogias com oEncantado, da ilha de S. Miguel.[13]Quatrefages,L'Espèce humaine, p. 209-210. Paris, 1877.[14]Ap. Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem no Brazil, P. I, p. 144-5. Rio de Janeiro, 1876.[15]Os mais severos philologos rejeitam esta designação quando applicada para exprimir o grupo das linguas ouralo-altaicas; porem como facto ethnico, comprehendendo sob o nome deturanianosos povos de côr amarella e vermelha, com analogias nas mesmas formas de civilisação, é uma descoberta indisputavel, que derrama uma luz immensa sobre a historia do Egypto, da Chaldêa e da Asia pre-vedica, nas suas relações com a America.[16]Romania, t. VI, p. 265.[17]Lenormant,Les Prémières Civilisations, II, p. 198-201.[18]Canc. do Vaticano, p. 902.[19]Revista trimensal, t. XXXVI, p. 11.[20]Le Brésil contemporain, p. 71.[21]Jean de Leri,Historia navigationis in Braziliam, p. 79.[22]Idem,ib.p. 178.[23]Op. cit., P. I. liv. 15, cap. I.[24]L'Origine, p. 22.[25]A designação peruana deYaravié applicada a cantos epicos tradicionaes, e na raça polynesica o cantor dos poemas heroicos das tribus chama-seArepos. (Quatrefages,L'Espèce humaine, p. 144). No seculo passado tinhamos um canto chamadoArrepia. Tudo nos leva a crêr que a designação popular deAravia, é um vestigio turaniano nada incompativel com qualquer influencia arabe, por isso que o arabe tambem propagou na Europa as superstições turanianas como prova Lenormant, no livroLa Magie, Chez les Chaldéens.[26]Francisque Michel,Pays Basque, p. 273.[27]E. Vignancour,Poés. bearn., 2.ª ed.[28]Op. cit., p. XV.[29]Poésies bearnaises, p. 214.[30]«Os sertenejos dizem:Elles estão falla fallando, para indicar que elles estão fallando muito. Numerosas formas da lingua tupi passaram para o portuguez do povo; e como é o povo quem no decurso de seculos elabora as linguas, essa se hade transformar ao influxo principalmente d'essa causa, de modo que dia virá em que a lingua do Brazil será tão diversa do portuguez, quanto este é do latim.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem; I.Curso de lingua tupi, p. 79.[31]«O cruzamento d'estas raças ao passo que misturou os sangues, cruzou tambem (se me é licito servir d'esta expressão) a lingua portugueza, sobretudo a linguagem popular. É assim que, na linguagem do povo das provincias do Pará, Goyaz e especialmente de Matto-Grosso, ha não só quantidade de vocabulos tupis e guaranis accomodados á lingua portugueza, e n'ella transformados, como ha phrases, figuras, idiotismos, e construcções peculiares ao tupi. Este facto mostra que o cruzamento physico de duas raças deixa vestigios moraes, não menos importantes do que os do sangue.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem, p. 76.[32]TemosCaipira, etc.
[10]«Como na America do norte o Anglo-saxonio, fundindo-se com o pelle vermelha, produziu o Yank, representante de uma nova civilisação, assim o latino, fundindo-se com o tupi, produziu essa raça energica que constitue a quasi totalidade da população de S. Paulo e Rio Grande, e a maioria do novo imperio.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem, p. XX.
[10]«Como na America do norte o Anglo-saxonio, fundindo-se com o pelle vermelha, produziu o Yank, representante de uma nova civilisação, assim o latino, fundindo-se com o tupi, produziu essa raça energica que constitue a quasi totalidade da população de S. Paulo e Rio Grande, e a maioria do novo imperio.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem, p. XX.
[11]Na visita pastoral de 1761, o bispo do Grão Pará, Frei João de S. José Queiroz allude á paixão dasModinhas, que achou confundidas com os cantos religiosos: «ouvimos missa, a qual foi cantada pelas suas indias e mamelucas a quatro vozes bem ajustadas, e no fim varias cantatas devotas e de edificação sobre o que lhe fizemos uma pequena pratica em louvor do canto honesto e ao mesmo tempo invectiva contra olascivo das Sarabandas e Modas do tempo.» Mem., p. 210.No fim do livro dos Lyricos brazilleiros apresentamos uma pequena collecção de cantos populares; os cantos epicos ou romances conservaram o nome deXácaras, não com sentido de dialogo, como asXacarandinashespanholas e portuguezas do seculo XVII, mas por se conservarem nas relações domesticas nas Chacaras ou fazendas do interior.Os cantos lyricos conservam ainda o nome deLunduns, designação que se encontra em Sá de Miranda, e em Nicolau Tolentino:Em bandolim marchetadoOs ligeiros dedos promptos,Louro peralta adamadoFoi depois tocar por pontosO doceLundum chorado. (Obras, p. 250)O titulo d'este canto lyrico ainda se conserva nas Ilhas dos Açores dado especialmente aos bailhos de terreiro, bem como oBatuque, ainda conservado entre os Cururueiros de Cuyabá. AsSarabandas, estão hoje totalmente esquecidas em Portugal, significando esta palavra toda a admoestação aspera. O estudo dos cantos populares brazileiros não poderá ser bem feito sem o processo comparativo com os cantos do Archipelago açoriano. No estudo de Ferreira da Costa, que procede a edição dasPoesiasde Natividade Saldanha, allude este escriptor com favor excessivo aos nossos trabalhos sobre a poesia popular portugueza, e remata incitando ao mesmo trabalho os litteratos brazileiros: «Seria muito para desejar, que nas diversas provincias se recolhessemas cantigas populares aliás tão abundantes entre nós, a fim de se não perderem completamente no futuro. E aquelles que se lançarem a este campo com muitas difficuldades terão de luctar, mas prestarão um relevante serviço ao paiz. Muitos julgarão taes estudos uma verdadeira inutilidade, sem o menor valor; entretanto merecem elles todos os cuidados como elementos para a formação da litteratura popular. Praza a Deus, que muitos se lancem n'essa rica ceara, e tragam ao publico as suas colheitas.» (Ap.Poesiasde J. da Natividade Saldanha, p. LXV, not. 28.)
[11]Na visita pastoral de 1761, o bispo do Grão Pará, Frei João de S. José Queiroz allude á paixão dasModinhas, que achou confundidas com os cantos religiosos: «ouvimos missa, a qual foi cantada pelas suas indias e mamelucas a quatro vozes bem ajustadas, e no fim varias cantatas devotas e de edificação sobre o que lhe fizemos uma pequena pratica em louvor do canto honesto e ao mesmo tempo invectiva contra olascivo das Sarabandas e Modas do tempo.» Mem., p. 210.
No fim do livro dos Lyricos brazilleiros apresentamos uma pequena collecção de cantos populares; os cantos epicos ou romances conservaram o nome deXácaras, não com sentido de dialogo, como asXacarandinashespanholas e portuguezas do seculo XVII, mas por se conservarem nas relações domesticas nas Chacaras ou fazendas do interior.
Os cantos lyricos conservam ainda o nome deLunduns, designação que se encontra em Sá de Miranda, e em Nicolau Tolentino:
Em bandolim marchetadoOs ligeiros dedos promptos,Louro peralta adamadoFoi depois tocar por pontosO doceLundum chorado. (Obras, p. 250)
Em bandolim marchetadoOs ligeiros dedos promptos,Louro peralta adamadoFoi depois tocar por pontosO doceLundum chorado. (Obras, p. 250)
Em bandolim marchetadoOs ligeiros dedos promptos,Louro peralta adamadoFoi depois tocar por pontosO doceLundum chorado. (Obras, p. 250)
Em bandolim marchetado
Os ligeiros dedos promptos,
Louro peralta adamado
Foi depois tocar por pontos
O doceLundum chorado. (Obras, p. 250)
O titulo d'este canto lyrico ainda se conserva nas Ilhas dos Açores dado especialmente aos bailhos de terreiro, bem como oBatuque, ainda conservado entre os Cururueiros de Cuyabá. AsSarabandas, estão hoje totalmente esquecidas em Portugal, significando esta palavra toda a admoestação aspera. O estudo dos cantos populares brazileiros não poderá ser bem feito sem o processo comparativo com os cantos do Archipelago açoriano. No estudo de Ferreira da Costa, que procede a edição dasPoesiasde Natividade Saldanha, allude este escriptor com favor excessivo aos nossos trabalhos sobre a poesia popular portugueza, e remata incitando ao mesmo trabalho os litteratos brazileiros: «Seria muito para desejar, que nas diversas provincias se recolhessemas cantigas populares aliás tão abundantes entre nós, a fim de se não perderem completamente no futuro. E aquelles que se lançarem a este campo com muitas difficuldades terão de luctar, mas prestarão um relevante serviço ao paiz. Muitos julgarão taes estudos uma verdadeira inutilidade, sem o menor valor; entretanto merecem elles todos os cuidados como elementos para a formação da litteratura popular. Praza a Deus, que muitos se lancem n'essa rica ceara, e tragam ao publico as suas colheitas.» (Ap.Poesiasde J. da Natividade Saldanha, p. LXV, not. 28.)
[12]Ainda hoje as festas do Espirito Santo são como nas ilhas dos Açores. A lenda doCurupiratem analogias com oEncantado, da ilha de S. Miguel.
[12]Ainda hoje as festas do Espirito Santo são como nas ilhas dos Açores. A lenda doCurupiratem analogias com oEncantado, da ilha de S. Miguel.
[13]Quatrefages,L'Espèce humaine, p. 209-210. Paris, 1877.
[13]Quatrefages,L'Espèce humaine, p. 209-210. Paris, 1877.
[14]Ap. Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem no Brazil, P. I, p. 144-5. Rio de Janeiro, 1876.
[14]Ap. Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem no Brazil, P. I, p. 144-5. Rio de Janeiro, 1876.
[15]Os mais severos philologos rejeitam esta designação quando applicada para exprimir o grupo das linguas ouralo-altaicas; porem como facto ethnico, comprehendendo sob o nome deturanianosos povos de côr amarella e vermelha, com analogias nas mesmas formas de civilisação, é uma descoberta indisputavel, que derrama uma luz immensa sobre a historia do Egypto, da Chaldêa e da Asia pre-vedica, nas suas relações com a America.
[15]Os mais severos philologos rejeitam esta designação quando applicada para exprimir o grupo das linguas ouralo-altaicas; porem como facto ethnico, comprehendendo sob o nome deturanianosos povos de côr amarella e vermelha, com analogias nas mesmas formas de civilisação, é uma descoberta indisputavel, que derrama uma luz immensa sobre a historia do Egypto, da Chaldêa e da Asia pre-vedica, nas suas relações com a America.
[16]Romania, t. VI, p. 265.
[16]Romania, t. VI, p. 265.
[17]Lenormant,Les Prémières Civilisations, II, p. 198-201.
[17]Lenormant,Les Prémières Civilisations, II, p. 198-201.
[18]Canc. do Vaticano, p. 902.
[18]Canc. do Vaticano, p. 902.
[19]Revista trimensal, t. XXXVI, p. 11.
[19]Revista trimensal, t. XXXVI, p. 11.
[20]Le Brésil contemporain, p. 71.
[20]Le Brésil contemporain, p. 71.
[21]Jean de Leri,Historia navigationis in Braziliam, p. 79.
[21]Jean de Leri,Historia navigationis in Braziliam, p. 79.
[22]Idem,ib.p. 178.
[22]Idem,ib.p. 178.
[23]Op. cit., P. I. liv. 15, cap. I.
[23]Op. cit., P. I. liv. 15, cap. I.
[24]L'Origine, p. 22.
[24]L'Origine, p. 22.
[25]A designação peruana deYaravié applicada a cantos epicos tradicionaes, e na raça polynesica o cantor dos poemas heroicos das tribus chama-seArepos. (Quatrefages,L'Espèce humaine, p. 144). No seculo passado tinhamos um canto chamadoArrepia. Tudo nos leva a crêr que a designação popular deAravia, é um vestigio turaniano nada incompativel com qualquer influencia arabe, por isso que o arabe tambem propagou na Europa as superstições turanianas como prova Lenormant, no livroLa Magie, Chez les Chaldéens.
[25]A designação peruana deYaravié applicada a cantos epicos tradicionaes, e na raça polynesica o cantor dos poemas heroicos das tribus chama-seArepos. (Quatrefages,L'Espèce humaine, p. 144). No seculo passado tinhamos um canto chamadoArrepia. Tudo nos leva a crêr que a designação popular deAravia, é um vestigio turaniano nada incompativel com qualquer influencia arabe, por isso que o arabe tambem propagou na Europa as superstições turanianas como prova Lenormant, no livroLa Magie, Chez les Chaldéens.
[26]Francisque Michel,Pays Basque, p. 273.
[26]Francisque Michel,Pays Basque, p. 273.
[27]E. Vignancour,Poés. bearn., 2.ª ed.
[27]E. Vignancour,Poés. bearn., 2.ª ed.
[28]Op. cit., p. XV.
[28]Op. cit., p. XV.
[29]Poésies bearnaises, p. 214.
[29]Poésies bearnaises, p. 214.
[30]«Os sertenejos dizem:Elles estão falla fallando, para indicar que elles estão fallando muito. Numerosas formas da lingua tupi passaram para o portuguez do povo; e como é o povo quem no decurso de seculos elabora as linguas, essa se hade transformar ao influxo principalmente d'essa causa, de modo que dia virá em que a lingua do Brazil será tão diversa do portuguez, quanto este é do latim.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem; I.Curso de lingua tupi, p. 79.
[30]«Os sertenejos dizem:Elles estão falla fallando, para indicar que elles estão fallando muito. Numerosas formas da lingua tupi passaram para o portuguez do povo; e como é o povo quem no decurso de seculos elabora as linguas, essa se hade transformar ao influxo principalmente d'essa causa, de modo que dia virá em que a lingua do Brazil será tão diversa do portuguez, quanto este é do latim.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem; I.Curso de lingua tupi, p. 79.
[31]«O cruzamento d'estas raças ao passo que misturou os sangues, cruzou tambem (se me é licito servir d'esta expressão) a lingua portugueza, sobretudo a linguagem popular. É assim que, na linguagem do povo das provincias do Pará, Goyaz e especialmente de Matto-Grosso, ha não só quantidade de vocabulos tupis e guaranis accomodados á lingua portugueza, e n'ella transformados, como ha phrases, figuras, idiotismos, e construcções peculiares ao tupi. Este facto mostra que o cruzamento physico de duas raças deixa vestigios moraes, não menos importantes do que os do sangue.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem, p. 76.
[31]«O cruzamento d'estas raças ao passo que misturou os sangues, cruzou tambem (se me é licito servir d'esta expressão) a lingua portugueza, sobretudo a linguagem popular. É assim que, na linguagem do povo das provincias do Pará, Goyaz e especialmente de Matto-Grosso, ha não só quantidade de vocabulos tupis e guaranis accomodados á lingua portugueza, e n'ella transformados, como ha phrases, figuras, idiotismos, e construcções peculiares ao tupi. Este facto mostra que o cruzamento physico de duas raças deixa vestigios moraes, não menos importantes do que os do sangue.» Dr. Couto de Magalhães,O Selvagem, p. 76.
[32]TemosCaipira, etc.
[32]TemosCaipira, etc.